Resultados sustentáveis: quando números não bastam
Sustentar resultados é equilibrar performance e saúde da equipe.

O mito da performance
Ainda existe, em muitas empresas, a crença de que resultado se mede apenas em números
financeiros. Receita, margem, lucro.
Mas números sozinhos escondem rachaduras. Quantas vezes já vimos times que batem metas
sucessivas, mas à custa de burnout, turnover e clima tóxico, fruto de um estilo de liderança que
prioriza o comando e controle e ignora o fator humano?
O placar pode parecer positivo no curto prazo, mas, por baixo, a equipe vai se fragmentando.
Performance sem sustentabilidade é como correr uma maratona em ritmo de sprint: você pode
até avançar rápido no início, mas não chega ao fim.
O que não é vs. o que é resultados sustentáveis
| ❌Não é… | ✅É… | 💡Como fazer? |
| Buscar metas de curto prazo a qualquer custo | Integrar performance e saúde do time | Medir resultados financeiros + clima, engajamento e bem-estar |
| Ignorar sinais de burnout e desgaste | Reconhecer limites e ajustar estratégias | Usar pesquisas de pulso, check-ins semanais de energia |
| Tratar dados de clima como “informativos” | Dar peso real às métricas humanas | Incorporar engajamento e eNPS nos OKRs estratégicos |
| Celebrar só a meta final | Valorizar também o caminho percorrido | Reconhecer esforços, aprendizados e comportamentos alinhados |
Sustentar resultados não é escolher entre pessoas e metas, mas construir uma equação que una
os dois lados da balança.
O custo de ignorar o invisível
- Segundo a Gallup (2023), o desengajamento custa US$ 8,8 trilhões à economia global.
- Pesquisas do ADP Research Institute mostram que equipes altamente engajadas são 17%
mais produtivas. - Já o turnover voluntário no Brasil representa um custo bilionário às empresas, cada saída
pode custar até 200% do salário anual de um colaborador (Robert Half, 2023). - Sustentabilidade nos resultados não é benevolência, é estratégia de negócio.
As três dimensões da sustentabilidade
- Financeira: crescimento e rentabilidade são fundamentais, mas não suficientes.
- Humana: garantir saúde emocional e física do time, prevenindo esgotamento.
- Cultural: cultivar valores, comportamentos e exemplos que sustentem a execução no longo
prazo.
– Quando essas três dimensões não estão equilibradas, a conta sempre chega, cedo ou tarde.
Ferramenta prática: Balanced Scorecard de Sustentabilidade
Tradicionalmente, o Balanced Scorecard (BSC) mede performance em quatro perspectivas:
financeira, clientes, processos e aprendizado.
– Adaptado à liderança e a sustentabilidade, o BSC deve incluir também:
- Clima e engajamento (pesquisas de pulso, eNPS).
- Saúde e equilíbrio do time (check-ins, absenteísmo, burnout).
- Valores e cultura (observação de comportamentos-chave).
Assim, o líder não enxerga só o número final, mas o sistema que o sustenta.
A metáfora da corda esticada
Perseguir resultados sem olhar para a saúde do time é como andar em uma corda esticada demais:
parece firme, mas qualquer peso extra pode fazer tudo arrebentar.
Resultados sustentáveis exigem flexibilidade, não rigidez.
Liderar com sustentabilidade exige a coragem de ajustar o ritmo. É a responsabilidade de
redistribuir esforços e equilibrar prioridades, garantindo que a corda não rompa e que a equipe
chegue ao fim da maratona.
É a capacidade de ajustar o ritmo, redistribuir esforços e equilibrar prioridades sem perder o rumo.
A provocação necessária
– De nada adianta medir engajamento e clima se esses dados não têm peso real nas decisões.
– Quando você ajusta rotas, considera apenas números financeiros ou também os sinais de saúde
da sua equipe?
– O que sua empresa celebra mais: a meta batida ou a forma como ela foi atingida?
Para refletir
Resultados sustentáveis não são sobre crescer menos, são sobre crescer de forma que possa
continuar crescendo.
É unir métricas financeiras a sinais humanos, criando equipes que não apenas entregam hoje, mas
têm energia, propósito e confiança para entregar amanhã.
As perguntas que ficam:
– Seu time tem fôlego para a próxima maratona, ou está correndo de sprint em sprint até o colapso?
– Você mede sustentabilidade ou só comemora o topo do gráfico?
Saiba mais
- Gallup (2023). State of the Global Workplace.
- ADP Research Institute (2019). Global Study on Engagement and Productivity.
- Robert Half (2023). Custos do turnover.
- Kaplan, R. & Norton, D. (1996). The Balanced Scorecard
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