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Inadimplência no Agronegócio: juros altos pressionam, mas sinal de alívio já aparece

O agronegócio brasileiro vive um momento de transição. Após um período de bonança impulsionado pelos preços elevados das commodities agrícolas entre 2020 e 2022, o setor enfrenta agora os impactos da queda das cotações e da elevação dos juros. No entanto, segundo Roberto França, diretor de Agronegócio do Bradesco, a tendência é de que a inadimplência comece a se acomodar.

Entre 2020 e 2022, os preços da soja e do milho atingiram picos históricos, garantindo margens expressivas para os produtores. Contudo, essa maré positiva começou a mudar em 2023, com a queda das cotações internacionais e o encarecimento do crédito rural, principalmente devido à trajetória da taxa Selic, que chegou a 14,25% ao ano.

Esse cenário impactou diretamente a capacidade de pagamento dos produtores rurais, que, pressionados pelas dívidas acumuladas e pela redução da receita, passaram a renegociar contratos e, consequentemente, a entrar nas estatísticas de inadimplência.

Inadimplência em alta, mas com tendência de estabilização

De acordo com França, o índice de inadimplência no setor agro ainda está acima da média histórica, mas o banco tem adotado estratégias de renegociação para mitigar o problema. “Não quer dizer que os bancos vão perder porque a inadimplência está subindo. Há a renegociação, e depois vem uma acomodação, até porque o crédito rural envolve muitas garantias”, explica.

Outro fator que elevou o nível de inadimplência foram os eventos climáticos, como as enchentes no Rio Grande do Sul, que prejudicaram lavouras e criações, impactando a produção e a renda de muitos agricultores.

Recuperações Judiciais: alerta para o setor

Durante coletiva na Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO), França comentou também sobre o crescimento dos pedidos de recuperação judicial no agronegócio. Segundo ele, há uma “indústria de advogados” que tem incentivado produtores a optarem por esse caminho, o que pode acabar prejudicando o acesso ao crédito no futuro.

“Os pedidos acontecem em praças muito específicas. Isso é ruim para o produtor rural, porque o impede de pegar crédito. Muitos dos pedidos são indeferidos, e aí é preciso voltar a discutir as dívidas com os bancos”, alerta.

Bradesco mantém aposta no Agro

Apesar do cenário desafiador, o Bradesco mantém sua confiança no potencial do setor. O banco conta com uma equipe de mais de 200 pessoas dedicadas ao atendimento de produtores rurais em todo o país e tem registrado crescimento anual entre 15% e 20% na carteira de crédito voltada ao agronegócio.

Além disso, a instituição tem investido fortemente na digitalização, com destaque para a plataforma E-agro, que busca facilitar o acesso dos produtores a serviços financeiros de forma ágil e personalizada.

Goiás em destaque: meta de crescimento de 30%

Durante a Tecnoshow, França destacou a força do agronegócio goiano. Em 2024, o Bradesco espera fechar cerca de R$ 2 bilhões em volume de negócios na região, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

A feira, segundo ele, é um dos principais eventos de fechamento de negócios do banco no ano. A meta agressiva demonstra que, apesar dos obstáculos, há espaço para crescimento e oportunidades no campo.

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