CAPACrédito e Cobrança

Crédito de maior risco ganhou espaço no segundo Semestre de 2024

No segundo semestre de 2024, o cenário do crédito no Brasil passou por uma transformação significativa: as modalidades com maior risco de inadimplência cresceram acima da média. Esse movimento acende um alerta para bancos, fintechs e profissionais da área de recuperação de crédito. Ao mesmo tempo, revela estratégias e comportamentos econômicos que merecem atenção — tanto de quem concede quanto de quem toma crédito.

Aumento de modalidades de maior risco: o que isso significa?

Quando falamos em “modalidades de maior risco”, estamos nos referindo principalmente a linhas de crédito sem garantia real, como o crédito pessoal não consignado, o rotativo do cartão e parte dos financiamentos de consumo. Esses produtos são mais acessíveis ao consumidor, mas representam maior exposição para as instituições financeiras.

O crescimento dessas linhas no segundo semestre de 2024 sugere que parte da população está recorrendo a alternativas mais arriscadas para manter o consumo ou equilibrar o orçamento. Isso pode indicar uma recuperação ainda instável da renda das famílias ou uma mudança no perfil de concessão dos credores.

Por que o crédito de maior risco cresceu?

Alguns fatores explicam esse avanço:

  • Aumento da concorrência entre instituições financeiras, especialmente com a atuação mais agressiva de fintechs;
  • Melhoria dos indicadores de curto prazo, que elevam o apetite ao risco de alguns players;
  • Pressão por resultados comerciais, especialmente em um ambiente econômico de crescimento moderado;
  • Busca do consumidor por soluções rápidas, mesmo que com taxas mais elevadas.

Com essas condições, houve um deslocamento temporário dos critérios de risco — ainda que sob controle — para manter o volume de crédito girando.

Riscos e desafios para o mercado

O crescimento dessas modalidades exige uma análise mais profunda dos impactos no futuro da inadimplência. Como esses produtos tendem a apresentar maior índice de atraso nos pagamentos, a sustentabilidade dessa expansão depende da capacidade das empresas em combinar tecnologia, dados e estratégia de cobrança.

Outro ponto de atenção está no comportamento do consumidor. Ao acessar crédito com maior custo e menor prazo de carência, ele se torna mais vulnerável a choques financeiros, como perda de renda ou aumento de despesas essenciais.

Oportunidades para o setor de recuperação de crédito

O avanço do crédito de maior risco também representa uma oportunidade para o setor de cobrança e recuperação. Empresas que investem em:

  • Inteligência analítica,
  • Experiência do cliente (CX),
  • Negociação personalizada,

estarão mais preparadas para lidar com esse novo perfil de dívida. A antecipação ao comportamento de inadimplência será chave para manter a rentabilidade sem sacrificar o relacionamento com o cliente.

A expectativa é que os bancos e fintechs equilibrem seus portfólios de crédito nos próximos trimestres, buscando reduzir a exposição excessiva. Isso pode significar o fortalecimento de produtos com garantia, como o crédito com veículo ou imóvel como colateral, e uma reavaliação nas políticas de concessão.

Para o consumidor, é essencial ter mais educação financeira e consciência sobre o custo efetivo total dos empréstimos. Para as empresas, o caminho está em conciliar performance com responsabilidade.

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