Como o endividamento, juros altos e acesso restrito ao crédito afetam o comércio atacadista em 2025

O comércio atacadista brasileiro viveu um 2024 desafiador, mas, surpreendentemente, com desempenho positivo. Segundo dados do Conselho do Comércio Atacadista da FecomercioSP, o setor conseguiu crescer mesmo diante de um cenário macroeconômico instável, marcado por inflação, endividamento das famílias e restrições no acesso ao crédito. Agora, os olhos se voltam para 2025 — e as expectativas são cautelosas, mas não pessimistas.
De acordo com a primeira edição da Carta Setorial da FecomercioSP, lançada em março de 2025, o comércio atacadista registrou um faturamento 8,7% superior ao do ano anterior. Esse crescimento foi possível graças à resiliência do setor, que mesmo sob forte pressão, conseguiu gerar 23,5 mil novos postos de trabalho.
Os destaques ficaram por conta dos segmentos de alimentos e produtos gerais, que se consolidaram como pilares de sustentação da atividade. Esses segmentos aproveitaram oportunidades criadas pelo aumento da demanda essencial, mesmo diante da retração de consumo em outras áreas.
Quais são os desafios para 2025?
Para este ano, os desafios continuam relevantes. O alto endividamento das famílias brasileiras, combinado com a manutenção dos juros em patamares elevados e a dificuldade de acesso ao crédito, deve impactar diretamente a cadeia de distribuição. Isso pode afetar desde a renovação de estoques até investimentos em expansão ou inovação.
Além disso, os impactos da Reforma Tributária e a instabilidade da política fiscal do país trazem incertezas que exigem atenção redobrada por parte das empresas do setor.
Outro ponto de atenção para o comércio atacadista em 2025 é a continuidade da inflação em patamares acima do ideal. A pressão nos custos logísticos, operacionais e de insumos pode corroer margens e inviabilizar operações menos eficientes.
A venda direta ao consumidor, adotada por diversas indústrias, também representa uma ameaça competitiva crescente. Essa tendência pode reduzir o papel do atacado na cadeia de valor tradicional, exigindo que o setor se reinvente para continuar relevante.
Apesar dos entraves, a análise da FecomercioSP aponta que o comércio atacadista tem condições de continuar crescendo em 2025, ainda que em ritmo mais lento. O setor é caracterizado por sua capacidade de adaptação e pela diversidade de nichos, o que oferece oportunidades mesmo em um cenário adverso.