CAPA

Liderar é Escutar com Presença e Intenção

Como a Liderança Educadora Pode Transformar Times e Resultados

Quando recebi o convite para participar do livro O Líder Educador, mergulhei em uma reflexão profunda sobre minha trajetória profissional. Quais experiências me marcaram? Que tipo de ambiente realmente potencializou meu crescimento? O que me tornou a líder que sou hoje?

Foi nesse processo que reconheci algo essencial: os ambientes onde fui incentivada a questionar, co-construir e compreender o “porquê” das decisões foram os que mais me transformaram. E foi justamente desse lugar que nasceu o estilo de liderança que venho cultivando e aprimorando ao longo dos anos: a liderança educadora.

No trecho que escrevi para o livro, compartilhei quatro competências interpessoais que se tornaram fundamentais no meu modo de liderar:

  • Importar-se genuinamente com as pessoas
  • Permitir-se ser questionada e provocada
  • Demonstrar vulnerabilidade
  • Saber transitar entre papéis

Acredito profundamente que essas atitudes criam ambientes mais humanos, criativos e potentes, onde se aprende junto, se cresce junto e se entrega mais valor.

Neste primeiro artigo da série, vamos explorar o primeiro pilar:

Importar-se Genuinamente com as Pessoas

Quantas vezes você já teve a sensação de que foi ouvido, mas não escutado de verdade?

Na correria das entregas, metas e reuniões em sequência, escutar com presença virou quase um superpoder. Mas quando escolhemos realmente nos importar com as pessoas, esse superpoder se transforma em uma base sólida para liderar com mais conexão, respeito e resultados.

Ao longo da minha trajetória, percebi que escutar não é sobre dar espaço para a fala do outro enquanto pensamos na nossa resposta. É sobre estar inteira ali, com atenção, empatia e curiosidade genuína sobre o que o outro está dizendo (ou não dizendo).

Importar-se genuinamente significa investir tempo para conhecer modelos mentais, vivências e olhares diferentes dos nossos. É reconhecer que cada pessoa carrega uma história que influencia como aprende, trabalha, se relaciona e toma decisões.

Quando escutamos de verdade, abrimos espaço para:

  • Construir relações de confiança e respeito mútuo
  • Prevenir conflitos e mal-entendidos
  • Tomar decisões mais conscientes e completas
  • Criar ambientes em que as pessoas se sentem vistas e valorizadas

Em uma famosa citação, Anaïs Nin disse:
“Não vemos as coisas como são, vemos as coisas como somos.”

Essa frase revela algo essencial sobre o nosso dia a dia como pessoas e como líderes: nossa percepção da realidade é moldada por nossas experiências, emoções e crenças. E o mesmo acontece com cada membro do time.

Por isso, quando escutamos com presença, conseguimos acessar não apenas o que alguém está dizendo, mas também como ela enxerga a situação e, principalmente, por que a enxerga daquela forma.

Lembro de uma situação em que uma pessoa do time estava com desempenho abaixo do esperado. A tentação era partir direto para feedbacks sobre eficiência. Mas decidi escutar primeiro.

Foi só quando compreendi seu modelo mental e as diferenças em relação ao meu que conseguimos dialogar de verdade. A partir daí, co-construímos caminhos possíveis de evolução.

A performance melhorou, sim. Mas o mais importante foi perceber o poder de uma escuta que não busca julgar ou corrigir, e sim compreender para construir junto.

Escutar com presença é uma escolha. Não custa nada, mas transforma tudo.

Este é o primeiro pilar da liderança educadora que escolhi praticar. Convido você a experimentar também: da próxima vez que alguém do seu time falar com você, pare, olhe nos olhos (mesmo que pela tela) e escute com intenção.

No próximo artigo, vamos explorar o segundo pilar: Permitir-se ser questionada e provocada, e crescer com isso.

Ale Rabin

Ale Rabin é, acima de tudo, humana. Mãe, ceramista e executiva com mais de 30 anos de experiência em empresas como Loggi, Johnson & Johnson, Yahoo, Vivo e UOL. Atuou em tecnologia, operações, experiência e sucesso do cliente, integrando dados, pessoas e estratégia. Fundadora do TATUdoBEM e cofundadora do Nós, também é conselheira TrendsInnovation, mentora e palestrante. Apaixonada por gente, conecta múltiplos papéis com visão nexialista e multicultural, unindo diversidade de ideias e culturas para gerar impacto real.

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