A Revolução Silenciosa da Inteligência Artificial: Como o iFood e Outras Empresas Estão Redefinindo a Produtividade
Inteligência Artificial no Brasil: Como a democratização da IA está transformando empresas, colaboradores e resultados

A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa futurista para se tornar um pilar estratégico no presente corporativo. Longe de ser apenas uma ferramenta para especialistas em tecnologia, a IA está se democratizando e capacitando colaboradores de todas as áreas a otimizar processos, inovar e, consequentemente, impulsionar a produtividade de maneiras sem precedentes. Um dos exemplos mais notáveis desse movimento no Brasil é o iFood, que está transformando sua operação ao transformar cada funcionário em um criador de soluções de IA.
O Caso iFood: Uma “Fábrica” Interna de Inovação
Recentemente, o iFood revelou uma iniciativa interna impressionante: a empresa atingiu a marca de 880 agentes de inteligência artificial ativos por semana, todos criados pelos próprios funcionários de diversas áreas [1]. Este número não é apenas um marco, mas um testemunho do poder da democratização da tecnologia. A meta da empresa é ainda mais ambiciosa, planejando alcançar 7 mil agentes até março de 2026, o que representaria um agente para cada colaborador da companhia.
Essa “fábrica” de agentes de IA, como foi apelidada, opera sobre a plataforma Toqan, uma ferramenta de IA generativa que permite aos funcionários, mesmo sem conhecimento técnico aprofundado, desenvolver soluções para seus desafios diários. Os resultados já são tangíveis e demonstram o impacto direto na produtividade.
“Estamos vivendo a era dos agentes de inteligência artificial. Hoje, não se trata apenas de adotar a tecnologia, mas de colocar cada funcionário no centro desse processo, com autonomia para criar seus próprios agentes e aplicar IA no dia a dia”, afirma Thiago Cardoso, Diretor Sênior de IA no iFood [1].
Os ganhos de eficiência são evidentes em diferentes setores da empresa, conforme detalhado na tabela abaixo.
Agente de IA | Área de Aplicação | Ganho de Produtividade |
Groceries Data Assistant | Análise Comercial | Redução do tempo de análise de vendas de 30 para apenas 5 minutos. |
James | Equipe Comercial | Economia de 1.840 horas por mês em integração e treinamento. |
Self-Help CROSS | Atendimento ao Cliente | Análises complexas realizadas em segundos, antes levavam um dia inteiro. |
Luma | Operações de Atendimento | Fornecimento de feedbacks personalizados para operadores em tempo real. |
Fonte: Forbes Brasil [1]
O sucesso do iFood ilustra um ponto crucial: a verdadeira transformação digital ocorre quando a tecnologia capacita as pessoas, permitindo que a inovação floresça de baixo para cima.
O Panorama Nacional: Adoção, Ganhos e Desafios
O movimento visto no iFood é parte de uma tendência nacional. Um estudo recente encomendado pela AWS aponta que 40% das empresas brasileiras já utilizam alguma forma de inteligência artificial, um número que coloca o país ligeiramente atrás da Europa (42%), mas à frente de outros mercados latino-americanos [2].
Os benefícios são claros e mensuráveis. A pesquisa revela que 96% das empresas que adotaram IA reportam ganhos de produtividade, e 95% observaram um crescimento médio de 31% na receita [2]. Em setores como varejo e e-commerce, o retorno sobre o investimento (ROI) pode chegar a impressionantes 380% em 12 meses.
Contudo, a implementação da IA não está isenta de desafios. Um estudo global do Upwork Research Institute trouxe à tona um paradoxo interessante: enquanto 96% dos executivos esperam que a IA aumente a produtividade, 77% dos funcionários relatam que a tecnologia, na prática, aumentou sua carga de trabalho [3]. Isso evidencia um descompasso entre a expectativa da liderança e a realidade da linha de frente. Muitos colaboradores sentem-se pressionados por metas de produtividade irrealistas e admitem não saber como utilizar as ferramentas de IA para atingir os resultados esperados, o que pode levar ao esgotamento e ao burnout.
O Caminho a Seguir: Uma Abordagem Centrada no Humano
A experiência do iFood e os dados de mercado convergem para uma conclusão fundamental: o sucesso da implementação da IA depende de uma estratégia que vá além da simples adoção tecnológica. É imperativo investir na capacitação dos colaboradores, cocriar métricas de produtividade realistas e, acima de tudo, fomentar uma cultura de inovação e autonomia.
A inteligência artificial não é uma solução mágica, mas sim um poderoso catalisador. Quando colocada nas mãos de equipes capacitadas e engajadas, ela se torna a força motriz para uma nova era de eficiência e crescimento. As empresas que, como o iFood, entenderem que a IA deve servir para potencializar o talento humano — e não para substituí-lo ou sobrecarregá-lo — serão as verdadeiras líderes da economia do futuro.
Referências
[1] Forbes Brasil. (2025, 19 de setembro). Por Dentro da “Fábrica” de Agentes de IA do iFood. Acessado em 24 de setembro de 2025, de https://forbes.com.br/forbes-tech/2025/09/por-dentro-da-fabrica-de-agentes-de-ia-do-ifood/ [2] StartSe. (2025, 15 de agosto). 40% das empresas brasileiras usam Inteligência Artificial. Acessado em 24 de setembro de 2025, de https://www.startse.com/artigos/40percent-das-empresas-brasileiras-usam-inteligencia-artificial/ [3] Forbes Brasil. (2025, 8 de setembro). 77% dos Profissionais Relatam Que a IA Aumentou a Carga de Trabalho e Prejudicou a Produtividade. Acessado em 24 de setembro de 2025, de https://forbes.com.br/carreira/2025/09/77-dos-profissionais-relatam-que-a-ia-aumentou-a-carga-de-trabalho-e-prejudicou-a-produtividade/