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8,5 milhões de brasileiras perseguidas no último ano e vazamento de imagens íntimas

Uma nova pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou um dado alarmante: 8,5 milhões de mulheres no Brasil foram vítimas de stalking nos últimos 12 meses. 

O crime de perseguição, que entrou para o Código Penal brasileiro em março de 2021, ocorre quando uma pessoa assedia ou persegue reiteradamente alguém, causando dano emocional ou físico — seja presencialmente, seja no ambiente virtual.

O levantamento mostra ainda um cenário assustador de violência de gênero no país: 1,5 milhão de brasileiras tiveram imagens íntimas expostas na internet sem autorização, fenômeno conhecido como “pornografia de vingança”, que além de crime é cruelmente devastador para a saúde mental das vítimas.

Mas a violência não para aí. Quase 40% das entrevistadas relataram já ter sofrido alguma forma de agressão: 31,4% foram insultadas, 16,1% ameaçadas fisicamente e 18,9% agredidas fisicamente. Um dado ainda mais preocupante aponta que 10,7% das mulheres entrevistadas — cerca de 5,3 milhões de brasileiras — sofreram abuso sexual ou foram obrigadas a manter relações sexuais contra sua vontade.

Em muitos desses casos, a violência ocorre diante de testemunhas, sendo que quase metade (47,3%) dessas testemunhas eram amigos ou familiares e 27% eram os próprios filhos das vítimas. 

O agressor mais comum continua sendo o cônjuge ou ex-parceiro, o que reforça o perfil da violência doméstica ainda predominante no país.

Outro dado grave: 47,4% das vítimas não buscaram ajuda. Apenas 19,2% recorreram a familiares e 14,2% procuraram órgãos oficiais.

 Exemplos reais que ilustram esse cenário:

•     Em Curitiba, um homem foi preso em flagrante por perseguir obsessivamente sua ex-namorada, mesmo com medida protetiva. Ele a esperava na porta do trabalho e enviava dezenas de mensagens diariamente, inclusive ameaças.

•     Em São Paulo, uma influenciadora digital teve suas imagens íntimas vazadas após recusar retomar o relacionamento com um ex-companheiro, gerando um trauma psicológico grave.

•     No Reino Unido, caso famoso envolveu uma jovem de 23 anos assassinada por um stalker que havia feito mais de 500 ligações e aparecido em sua casa diversas vezes antes do crime.

•     Nos Estados Unidos, o stalking online se tornou uma epidemia, principalmente contra mulheres em plataformas como Instagram e TikTok, forçando mudanças nas políticas de privacidade dessas redes sociais.

Essa realidade escancara como o stalking não é apenas “perseguição” — é violência real, com consequências gravíssimas, e ainda sofre com a subnotificação e a falta de apoio adequado às vítimas.

O recado que fica: mulheres que percebem sinais de perseguição devem buscar apoio imediato, formalizar denúncias e, sempre que possível, contar com o suporte de redes de proteção — de amigos, familiares e órgãos públicos.

Afonso Morais

Advogado, fundador e CEO do Grupo Morais Advogados que atua com callcenter na recuperação de créditos, amigável e judicial. Na area jurídica presta assessoria, consultoria e contencioso a mais 40 anos , atuando no direito do consumidor, trabalhista, digital, comercial, contratual e atualizando foca a sua expertise na implantação e proteção da LGPD, Cibersegurança, complance e educação digital. Ontem, Hoje e no futuro sempre ao lado de seus clientes.

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